NEYDE APARECIDA DA SILVA, PRESIDENTA DO SINTEGO

NEYDE APARECIDA DA SILVA, PRESIDENTA DO SINTEGO (1993-2002)

Comecei fazendo parte da direção da regional do CPG em Rio Verde, depois fui presidente da Regional e vice-presidente do CPG. Estive no Congresso de Itumbiara, em novembro de 1988, onde as três principais entidades da Educação goiana abriram mão de seus estatutos e direções, em um processo generoso de construção coletiva, para unificar as lutas e fundar o SINTEGO.”

DEPOIMENTO

Houve um tempo em Goiás em que para dar aulas não precisava ter formação, nem diploma, bastava ter QI (quem indica). Ou você era amiga de um político, ou você não tinha trabalho.

Mas, como às vezes faltava gente pra dar aulas no interior, acabei conseguindo meu primeiro emprego de professora, em Divinópolis, em 1976, ano em que terminei o Ensino Médio. Depois fui pra Rio Verde, estudei Pedagogia, continuei professora, e comecei minha militância no movimento dos professores, que naquela época era só de professores.

O regime militar, além de proibir a sindicalização de servidor público, havia fragmentado as categorias para dificultar a organização sindical. Apesar disso, em Goiás surgiu a AOEGO (Associação dos Orientadores), a ASSUEGO (Associação dos Supervisores) e o CPG, que era a entidade dos professores.

Comecei fazendo parte da direção da regional do CPG em Rio Verde, depois fui presidente da Regional e vice-presidente do CPG. Estive no Congresso de Itumbiara, em novembro de 1988, onde as três principais entidades da Educação goiana abriram mão de seus estatutos e direções, em um processo generoso de construção coletiva, para unificar as lutas e fundar o SINTEGO.

Os anos e meses que antecederam o Congresso de Itumbiara foram de participação ativa na resistência democrática, sobretudo no preparo do capítulo da Educação na Constituição Federal. Algumas propostas nossas entraram no texto da nova Carta, outras fizeram letra morta, não avançaram, mas nós demos a nossa contribuição, nós fizemos a nossa parte.

O SINTEGO, ao longo dos anos seguintes, manteve em pauta as nossas bandeiras, que nunca foram poucas. Na direção do SINTEGO, muitas vezes eu passava os finais de semana indo para o interior com os professores da Universidade Federal para fazer cursos e seminários.

Para a maioria das cidades a gente ia na sexta-feira e voltava no domingo de noite porque durante a semana as escolas não liberavam os professores. Naquela época era só o Sindicato que se preocupava com a formação dos profissionais da Educação.

O Estado, ao contrário, dificultava o máximo que podia. Por mais que tenhamos nos mobilizado para a Constituinte, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nossos avanços mais significativos só vieram nos governos do Presidente Lula. Finalmente, o Piso virou realidade e a formação para todos os profissionais, não só para o Magistério tornou-se política pública universal, com o próprio MEC fornecendo os cursos.

Hoje, vivemos um desses momentos difíceis em que armas, em vez de livros, tornam-se sonho de consumo; em que a cor da pele ou a orientação sexual são motivos para violentos ataques; em que a opção política por um mundo mais justo sofre violentos ataques nas redes e nas ruas. Para os trabalhadores/as brasileiros/ as os tempos são de retirada de direitos.

 

 

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